Formiga foi descoberta no Amazonas
Até ontem, os zoólogos conheciam 12.461 espécies de formigas, divididas em 18 subfamílias e espalhadas pelos cinco continentes. Desde esta segunda-feira (15), conhecemos mais uma – e que não tem nada a ver com nenhuma outra. A Martialis heureka é uma formiga cega e predadora. Ela é brasileira e vive na Amazônia, em túneis subterrâneos. Foi descoberta na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Amazônia Ocidental, a 28 quilômetros de Manaus. Seus descobridores afirmam que a formiguinha descende diretamente das primeiras linhagens de formigas.
Os americanos Christian Rabeling e Jeremy Brown, ambos da Universidade do Texas, e seu colega alemão Manfred Varhaagh, do Museu de História Natural de Karlsruhe, estudaram os genes da M. heureka e os compararam aos de outras formigas, num tipo de análise que se chama filogenética. Eles constataram que a formiga subterrânea amazônica pertence a uma linhagem irmã de todas as demais. Na verdade, a M. heureka é a única sobrevivente de uma subfamília, batizada de Martialinae, que teria evoluído do ancestral comum entre as formigas e as abelhas. Acredita-se que as formigas evoluíram no tempo dos dinossauros, no período Cretáceo, entre 110 e 130 milhões de anos atrás.
As características da formiguinha são tão peculiares que o grande biólogo da Universidade Harvard e um dos maiores especialistas mundiais em formigas, Edward Wilson, chegou a comentar: “Essa formiga deve ser de Marte”. A observação não passou despercebida. Resultou daí o seu nome: Martialis heureca, ou “descoberta marciana”.
O estudo acaba de ser publicado no Proceedings of the National Academy of Science. O espécime está depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, na capital paulista. Agora a pergunta que não quer calar: por que uma descrição científica tão importante, que saiu do quintal da Embrapa no Amazonas, foi feita por estrangeiros e não por brasileiros? Veja bem, nada contra os estrangeiros, muito pelo contrário. Afinal, não fossem eles, continuaríamos sem saber que a avó de todas as formigas é brasileira.
Poste sugerido por Anísio Nunes Neto, trecho retirado da revista Época.
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